O desconhecido gera um certo medo. Viajar para longe nao é diferente. Sempre quando pensamos em viajar bate aquela insegurança, culpa da gente mesmo como também da mae quando indaga sobre a segurança do local e nos dá conselhos. Além disso tem ainda a imagem que criamos do lugar resultante das notícias e famas sobre os locais, como da Bolívia produtora de cocaína, da Colômbia sendo local de narcotráfico e por aí vai.
Nessa viagem me surprendi com algumas questoes relacionadas ao medo. Omar, o guia que nos conduziu durante 4 dias por viagens pelo Marrocos, nos disse que o Brasil seria um país perigoso e ficou espantando quando um amigo que está morando em Sao Paulo lhe disse que à noite é preciso dirigir com os vidros do carro fechados para nao ser assaltado. Bom, eu, que tinha medo de andar pelas medinas, com a mochila ou carteira, como se diz, passei a olhar para "meu próprio rabo" (no bom sentido, claro). Depois, quando fomos dormir no deserto do Saára, num acampamento, Malaquin, um dos responsáveis pela cabana, quando soube que éramos do Brasil ficou animado, elogiou bastante dizendo que era um país bonito mas que é perigoso para morar. Resultado: tive que olhar de novo para o rabo. No trem de Fez para Tanger, ainda no Marrocos, Asema, uma marroquina que falava árabe, francês, espanhol e inglês fluentemente (confesso que fiquei com inveja disso) puxou assunto com a gente e, quando falamos da viagem pela América do Sul, ela disse que na Colômbia havia cocaína, Osmir nao perdeu a deixa e disse que no Marrocos nos ofereceram haxixe, ou seja, os medos sao recíprocos.
Me entristece quando uma pessoa de fora tem uma imagem negativa do Brasil, a ponto de impedí-la de viajar para conhecer realmente o país (somente nós sabemos o que essa pessoa estaria perdendo) e também quando criamos a imagem negativa de outros países (lá, eles é que sabem o que nós estamos perdendo).