"Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser; que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver”. Amyr Klink.

sábado, 30 de março de 2013

Nápoles

Pegamos as nossas mochilas, literalmente, e viemos para a Itália. País pequeno, do futebol, boa comida, italianos falantes e gesticulosos, de cidade e do campo… o que não falta é coisa para ver aqui. A primeira grande cidade do interior que escolhemos foi Nápoles, cidade ao Sul da Itália, aos pés do vulcão vesúvio, de Pompéia e da Costa Amalfitana, localização que coloca a cidade como um dos destinos mais interessantes, para não dizer imperdível.
De acordo com os guias que lemos e as dicas de Leonardo Orrico, Nápoles é a cidade que traduz a Itália que vemos nos filmes e um pouco mais. É grande, com mais de 1 milhão de habitantes, praticamente todos fumantes (ativos e passivos), barulhenta, portuária, de trânsito confuso, onde você atravessa em qualquer lugar e os carros param (às vezes), de motos (muitas), ruas estreitas, escadarias, comidas, camelôs, obras pela cidade que parecem intermináveis, fachadas de prédios mal conservadas, de lixo pelo chão e amontoados nas esquinas, de pessoas mais informais e que aparentam menos preocupação com as aparências. Mas a caracterísitica que mais destacamos de Nápolis e que, até agora, só vimos aqui, é das roupas penduradas nas sacadas dos prédios. Seja nos bairros mais pobres ou nos “ricos”, a tradição aqui é pendurar nas sacadas de calcinha a lençol. Quem chega estranha mas depois se acostuma. É costume mesmo… enfim Nápoles é uma cidade punjante, diferente das outras cidades na Europa, mais humana até.
Apesar de termos ideia do que poderíamos encontrar, quando chegamos em Nápoles e vimos tudo isso nos assustamos. Conversando com Osmir sobre as impressões que a cidade passa, chegamos ao consenso que Nápoles não possui o refinamento das outras cidades europeias. Mas afinal, até que ponto o refinamento é uma coisa boa? Assim como o açúcar (que comparação horrível – não pensei em outra coisa), o refinamento elimina características ruins e boas. No caso das cidades, melhor, das pessoas das cidades, o refinamento acaba por “esfriar” as relações humanas. Os guias em geral classificam a Itália entre o norte e o sul. O primeiro sendo uma região rica, industrializada e formada por pessoas “bem-educadas”, enquanto o sul é mais pobre, agrícola e com pessoas mais bruscas. Não sei, parece um pouco com o Brasil quando deparamos o Sul com o Norte e Nordeste. Fazendo uma comparação (eu viajando) entre ir a uma feira no Sul do Brasil e outra no Nordeste verificamos que são coisas totalmente diferentes. Se olharmos para a questão de organização e higiente, a do Sul seria mais refinada. Se compararmos as relações humanas, as do norte e nordeste com certeza são mais calorosas, espontâneas e humanas. É isso que Nápoles tem e que muito nos agradou.
Sim, apesar de pobre, o sul da Itália tem uma malha ferroviária de fazer inveja a muitos lugares. Estou escrevendo esse post num trem a 300km/h, com wi-fi, que saiu do centro de Nápoles a pouco com destino a Veneza. Parece até com a viagem de Salvador a Itaparica. É brinquedo?
Nápoles
Castelo do Ovo (não sei porque esse nome)
Ruelas de Nápoles e seus motociclistas.

Cinzeiro gigante na estação de trem de Nápoles.
À direita.
Ruas de Nápoles
Fruteria em Nápoles.
Colunas romanas em Pompéia.
Árvore em Pompéia plantada pela sobrinha-neta da cunhada da esposa de Aristóteles.

Anfiteatro de Pompéia.
 
Uma birra. Uma não, duas!
 
Arte romana no museu de Nápoles.

O "tédio no museu de Nápoles" ou "o mundo lá fora".

Mosaico que estava em Pompéia.


domingo, 15 de abril de 2012

Chapada Diamantina - abril/2012

A Chapada Diamantina para a gente compõe um dos lugares mais bonitos e privilegiados do Brasil, de natureza exuberante, singular e de povo hospitaleiro, ainda, um lugar que traz, no intenso contato com a natureza, muita paz. A história, contada pelos guias, é de que na época em que do ouro e dos diamantes naquela região a ocupação e a vida não eram tão tranquilas assim. Bom, pelo menos hoje, o que se veem por lá são agrupamentos de 'bichos-grilo', moradores nos pequenos vilarejos e, claro, turistas (alguns deles terminam se encantando com o lugar, fixando residência na Chapada).
A primeira vez que estivemos na Chapada Diamantina foi em 1997. Naquela época partimos de Ilhéus até Salvador para pegar um ônibus de excursão à cidade mais conhecida da Chapada, Lençóis. Fizemos os passeios 'clássicos', típicos de excursão, em que o ônibus nos levava bem próximo a uma atração, como o Morro do Pai Inácio, Rio Serrano, Gruta da Lapa Doce e a própria Lençóis, que à noite oferece ótimas opções no circuito gastronômico-etílico.
Nesses passeios de excursão dá para conhecer ótimas atrações na Chapada. Porém a Chapada não se limita às atrações próximas a Lençóis. O próprio Parque Nacional da Chapada Diamantina, que é parte da Chapada, é muito grande, com 152 mil hectares de extensão, abrangendo os municípios de Andaraí, Ibicoara, Itaeté, Lençóis, Mucugê e Palmeiras.
Em 2008 retornamos à Chapada para tentar conhecê-la um pouco mais. A opção escolhida foi fazer o contorno do parque em mountain bike... Na verdade, acabou sendo uma mistura de mountain bike com trilha. Considerando o (a falta) preparo físico e técnico, suprimimos o mountain e curtimos a bike-trilha (será que existe?). Durante uma semana fizemos a "volta ao parque". Foi uma das melhores experiências da gente. Passear de bicicleta, em qualquer lugar, já é muito prazeroso, mas na Chapada é mais ainda. Transitar por trilhas, atravessar vilarejos e manter contato com a natureza e com as pessoas locais é muito bom. Fizemos esse passeio com a empresa Terra Chapada, que foi muito eficiente e correta, sempre demonstrando preocupação com a nossa satisfação.
Retornando para os dias atuais, nessa semana santa voltamos novamente para conhecer novos locais da Chapada. Com a companhia da nossa amiga trilheira Branca, as trilhas escolhidas foram Vale do Pati, Cachoeirão por cima, Cachoeira da fumacinha por baixo, Cachoeira do Buracão. Novamente contamos com a Terra Chapada http://www.terrachapada.com.br/ para realização dos passeios.

Importante registrar que um referencial da Chapada são os guias, por sua qualidade. Em regra, conhecem a fundo o lugar, são prudentes e atenciosos, fazendo de tudo para que a experiência de quem visita seja ao mesmo tempo, real e confortável, na medida do possível.

Registramos especialmente dois guias em Mucugê: Joab, nosso guia no mountain bike, e Guido, nosso guia no trekking. Ambos excepcionais.

Para saber mais sobre a Chapada Diamantina, vale a pena visitar o sítio http://www.guiachapadadiamantina.com.br/

Nossas fotos no mountain/trekking de 2008: http://www.flickriver.com/photos/osmirglobekner/tags/diamantina

Nossas fotos na Chapada em 2012: 



 








sexta-feira, 12 de agosto de 2011

... e o Rio de Janeiro continua lindo... o centro mais ainda.

Vista do Corcovado.
A gente sempre compara, mesmo que sem querer, uma cidade com a outra. Cada cidade tem sua particularidade, sua identidade que a torna única. Gosto muito de Salvador, acho uma cidade acolhedora e com aspectos positivos que a tornam atrativa. O clima (apesar de sentir falta de um friozinho), a riqueza cultural e o povo da Bahia em geral. Isso tudo é muito bom. Gosto do jeito da gente. Meio despreocupado, sem estresse... alguns acham até descompromissado - eu particularmente não penso assim.
Mas, voltando ao Rio, vejo essa cidade como uma das mais bonitas do mundo (ok, muita gente já escreveu, já sabe disso blablabla...), de paisagens incríveis. Mas abstraindo a cidade-paisagem, algumas coisas me surpreenderam. Uma delas foi o jeito do carioca, no geral educados (cada um ao seu jeito) e prestativos. Outra coisa foi o centro da cidade. Que coisa linda o centro do Rio, com a mistura de prédios históricos, de diversas influências arquitetônicas, ao lado de edifícios altos e modernos. Um centro onde se pode caminhar, tomar café, cerveja, almoçar, comprar em lojas e em camelôs, se perder pelas diversas vielas. Isso, numa grande cidade como é o Rio de Janeiro, me surpreendeu. Parece bobeira, mas quando paro para comparar (aí entra a comparação) com Salvador, vejo que o Rio tem um centro comercial como deveria ser em outras cidades grandes. Um centro onde se pode caminhar. Em Salvador, infelizmente, optamos pela associação clássica CARRO + SHOPPING CENTER. No máximo, variando para um taxi ou ônibus, mas mantendo como o destino o shopping center. A interação que vejo em Salvador, aliás, que vivencio de certa maneira (e isso me deixa angustiado) é sair do prédio onde moramos, entrar no carro, descer do carro no trabalho, restaurante, cinema ou shopping de destino, para depois fazer o caminho inverso até em casa. Em Salvador, não se caminha pelos espaços públicos. No Rio, a impressão que tive e é que se interage com a cidade de uma outra forma, aproveitando mais a cidade, curtindo mais os espaços. Enquanto em Salvador o centro ficou restrito para as pessas de baixa renda, que não podem ir aos shoppings, e também para os intermináveis bancos financiadores, no Rio de Janeiro não é necessário ir ao Shopping para fazer compras. No centro encontra-se de tudo, inclusive as lojas instaladas também nos shoppings. Por tudo isso acho que o Rio realmente continua lindo.


Nós na estação do bondinho no Corcovado


Do Corcovado, vista à zona sul (Ipanema, Leblon, Lagoa)

Humanos e as cidades, afinal Niterói também compõe a paisagem

Ok, confesso que posei para a foto!

Centro antigo do Rio

Ótima comida no centro antigo

Aquedutos da Lapa e o bondinho

Praça e o Teatro Municipal

Em pleno outono carioca

Pegando o chinelo na água

Vendo os turistas na lagoa

Estação de metrô em Ipanema. Essa construção é uma espécie de Elevador Lacerda carioca, que trouxe, além da facilidade de acesso, diginadade aos moradores.

Típico do Rio

Em Copacabana


terça-feira, 10 de maio de 2011

Arqueologia no norte do Peru

Tivemos agradável surpresa, passando dois dias entre Trujillo e Chiclayo, norte do Peru. Visitamos as Huacas del Sol e de la Luna, Chan Chan, a cidade de adobe, em Trujillo.






Em Chiclayo, o museu que abriga os achados arqueológicos das tumbas do Senhor de Sipán (museu moderno, construído para abrigar um achado fantástico), também vimos a Huaca de Las Balsas e o Museu de Sicán.




Estes sítios e museus tratam das culturas, Moche, Sicán e Chimú, que existiram muito anes dos Incas (tínhamos tido um boa prévia sobre as mesmas visitando o Museu Larco, em Lima). Diferente do legado Inca, com sus edificações em pedra sobre pedra, estas culturas construíam com adobe, daí a surpresa dos achados arqueológicos (e do trabalho de descoberta e recuperação nesses sítios) na paisagem desértica do norte do Chile.


Cavalos na Serra Negra



Temos procurado fazer pelo menos uma "cabalgata" em nossas viagens na América Latina. Já fizemos em Peulla/Chile, Sucre/Bolívia, Córdoba/Argentina e, agora, em Huaraz/Peru. Cada uma dessas teve um sabor especial.

Esta, apesar de contratada através de uma agência que exagerou um pouco no preço, teve a vantagem de ter como guia o Eder, um senhor que cria cavalos e que sempre viveu em Caraz e portanto conhece todos os costumes dali. Fomos os três, Eder, Evandro e eu, cavalgando respectivamente, Cenizo, Mascarón e Canelo... montanha acima na Cordillera Negra, desfrutando de inúmeras cenas rurais tendo a nossa frente, no lado oposto do vale, os cumes nevados da Cordillera Blanca.




Se alguém que ler isso quiser andar a cavalo em Huaraz, contate diretamente Eder, vai poupar dinheiro e chateação, aqui o site: (http://huarazhorses.com/).

sexta-feira, 6 de maio de 2011

A gastronomia andina...







Além dos cebiches (que afinal de contas, é chileno ou peruano???), as truchas em suas diferentes versões (a la plancha, rellena, al ajo ...), o registro fica por conta do "rocoto relleno", uma espécie de pimentão recheado, porém com um toque mais picante que o nosso. A primeira vez que provamos foi durante a trilha inca, obra do cozinheiro do grupo, verdadeiro Chef da cozinha peruana.

Também provamos os "secos" e "chicharones", principalmente os de cordero (Peru) ou de Chivo (Equador); os "lomos saltados" e os amarelos "ajís de gallinas", o locro de queso, o "tacu tacu" ( que é uma espécie de "baião de dois" frito, consegue imaginar?)... pratos todos muito saborosos. Acompanhados invariavelmente de "papas" (batata) e da "palta" (ou abacate sem gosto, rs). As refeições sempre com os "primeiros" (entradas, normalmente sopas, caldos ou saladas) e "segundos" ("platos fuertes" ou "de fondo").








Não chegamos a comer o nacionalmente apreciado Cuy, mas nos encontramos com o próprio, vivo, nos mercados e nas residências. Dizem que a carne é macia e mais saborosa do que a do coelho. Ainda não foi desta vez!



Nas ruas, no Peru, o indefectível e saboroso Choclo, milho branco cozido, servido sempre com um pedaço de queijo bem salgado.



No Equador, as "empanadas de morocho", uma espécie de pastel feito também de um milho branco (o Morocho), com recheios diversos.



Nas bebidas, provamos a aprovamos a cerveja Cusqueña, o pisco sour (outra celeuma Chileno/Peruana) e descobrimos a "chicha morada". Já conhecíamos a chicha, bebida fermentada feita com milho, porém a chicha morada é muito mais gostosa e refrescante. Feita com um milho roxo, é servida gelada e com vários outros ingredientes, limão, sumos de outras frutas... No aspecto, lembra a sangria española, mas com sabor totalmente diferente e peculiar. Aprovamos e recomendamos fortemente...



Em Quito, o "canelazo", bebida mais forte, servida quente nas portas dos restaurantes de "La Ronda", nas versões naranjilla e mora... Grande pedida! (não temos fotos... a câmara fotográfica tremia muito, kkkkkkkk)

Sobremesas (ou "postres"): não achamos que seja o forte da cozinha andina (a exemplo das compotas, quase sempre meio sem graça para nosso paladar). Mas vale registrar a "mazamorra morada" (novamente feita com o milho roxo), que normalmente é servida junto com o "arroz con leche", mistura legal, aprovamos.